Hoje vi o dia amanhecer cinza,
Passei a manhã em uma mistura preto e branco.
O cheiro de chuva pairava sobre o ar,
A vida parecia triste e sem sentido.
O frio rasante descia sem aviso,
mas meus ossos parecia não incomodar-se
Hoje entardeceu cinza,
Passei a tarde escrevendo frases pretas em um papel branco.
Nem mesmo o pranto sobre o papel atrevia-se a desatinar,
Apenas palavras sombrias em sangue e pus.
As palavras se confundiam com meu eu,
E o meu eu estava totalmente perdido sobre o branco do papel.
Não havia porto seguro,
Apenas o vazio e a treva tomavam conta do todo.
As cores se misturava ao anoitecer sem sol,
Apenas o preto e o mais pálidos dos cinzas.
Hoje a noite é negra,
E num dia preto e branco, minha alma não passou de cinzas.
O cheiro de morte fedia como o esgoto,
O céu já estava bem abaixo do chão.
E eu pálido e definhando,
Olhava sem sono o céu negro e sem estrelas, esperando a tal hora.